sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): da definição ao tratamento

Bom dia, Internauta!


     Não se esqueça de se inscrever no Blog do TVC, no meu canal do YouTube (TVCChannelNews), na minha página do Facebook (Thales Coutinho Vlog/Blog) e no meu grupo do facebook voltado á divulgação científica no geral (Evidence-Based Universe).
     Compre meu livro: "Impressionantes: A Ciência da Primeira Impressão" clicando AQUI.
     Muito obrigado!
====================

VERSÃO-TEXTO
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): da definição ao tratamento.


O que é?

     O TDAH é um transtorno mental como qualquer outro, com causa predominantemente genética, apesar de alguns fatores ambientais como "a mãe ter fumado durante a gestação" aumentam as chances de o transtorno se manifestar.
     As três principais dimensões do TDAH são: 1) hiperatividade, 2) impulsividade e 3) desatenção. Além disso, investigações recentes estão demonstrando que estes pacientes também apresentam dificuldades na identificação das expressões faciais emocionais.
  Há também uma diferença de gênero. Ou seja, homens tendem a manifestar mais o tipo predominantemente hiperativo, enquanto que mulheres tendem a apresentar mais o tipo predominantemente desatento.
     Isso tem uma implicação importante para o contexto escolar, que é onde - quase sempre - se notam as diferenças entre as crianças. Numa sala de 30 alunos, por exemplo, aqueles que são predominantemente hiperativos (quase sempre meninos) vão incomodar mais os colegas e a professora, logo, serão mais rapidamente identificados, encaminhados para uma avaliação adequada e, se confirmado o transtorno, tratados. Já o predominantemente desatento (quase sempre meninas) é o aluno que não incomoda na sala, e pode demorar para ser identificado e tratado.
     Por isso, se você começar a suspeitar que seu aluno, seu filho ou alguém próximo, a partir dos 7 anos, está apresentando comportamentos que possam indicar o TDAH, busque a ajuda de algum profissional da saúde.
     Lembrando que, diferentemente do que se pensava antes, o TDAH não é uma doença exclusiva de crianças. Em aproximadamente 70% dos casos não tratados, o transtorno se arrasta para a idade adulta. Ou seja, o TDAH em adultos é mais comum do que se pensava anos atrás.

 O que o TDAH não é?

     Não é “um jeito de ser", não é “um traço de personalidade", não é "uma expressão natural da espontaneidade infantil", nem "falta de limite", muito menos “uma coisa boa".
     A culpa não é da falta de educação dada pelos pais em casa, nem do sistema escolar, nem do mundo globalizado que exige que nós sejamos cada vez mais multifuncionais, muito menos do próprio paciente.
     É necessário diminuir essa visão moralista com que ainda tratamos os transtornos mentais, no sentido de buscar algo ou alguém para culpar pela manifestação daquele problema. Esse tipo de visão, além de não ajudar, atrapalha. Porque enquanto você fica tentando buscar um culpado para o TDAH, está negando ao indivíduo a possibilidade de tratar.

Como é feito o diagnóstico?

     O diagnóstico é eminentemente clínico. Ou seja, existem instrumentos/questionários já validados por estudos científicos, que geram resultados capazes de informar ao profissional se aquele indivíduo tem ou não o TDAH, sem a necessidade de exames complementares (e caros).
     Além disso, é importante deixar claro que o diagnóstico é sempre dimensional!
Preste bastante atenção nesse aspecto, porque muitos dos críticos parecem desconhecer como o próprio diagnóstico é feito.
     Todos nós podemos ser um pouco desatentos, hiperativos ou impulsivos em determinados contextos, porém, conseguimos com facilidade controlar isso com o objetivo de nos adaptarmos à situação, e funcionarmos adequadamente.
     Os pacientes com TDAH não conseguem, e sofrem em decorrência disso. Esta é a questão! A dimensão dos sintomas deles é muito maior que a dos que se manifestos na população saudável, e por isso precisam ser diagnosticados corretamente para poder receber o tratamento adequado.
     Afinal, esses indivíduos têm muitos problemas em seu cotidiano. Desde a dificuldade para aprender (uma vez que não conseguem prestar atenção), até o maior envolvimento em situações de alto risco.
     Alguns pais duvidam do diagnóstico do filho porque "quando ele está no videogame, passa horas jogando". Mas, vamos entender esta questão um pouco melhor. O videogame foi concebido para ser uma atividade extremamente prazerosa, e isso é claro que facilita o controle da atenção e hiperatividade. Porém, não podemos tomar isso como parâmetro de comparação, afinal, nossa vida não é feita apenas de momentos extraordinariamente prazerosos. Há coisas que não necessariamente são super estimulantes, e que precisam ser feitas. Indivíduos normais conseguem fazer, pacientes com TDAH não.
     Outro ponto que vale destaque é: “diagnóstico” não é "rótulo". Diagnóstico é o alicerce para o tratamento. Você diagnostica alguém com qualquer doença, com o objetivo de oferecer um tratamento adequado, e comprovadamente eficaz para amenizar aquele problema específico. Sem um diagnóstico preciso, o tratamento também não é preciso.

Sobre o tratamento

     O tratamento do TDAH, apesar de fundamental, vem sendo alvo de muitas teorias conspiratórias e declarações equivocadas, principalmente no que diz respeito ao uso do metilfenidato, que é comercializado – principalmente – com o nome de Ritalina.
     Lembra que comentei sobre como é ruim ver os transtornos mentais numa ótica moralista? Pois então, essa ideia de que o metilfenidato seja ruim deriva da visão de um grupo ideologicamente organizado para pensar dessa forma e que, não satisfeitos apenas em pensar assim, insistem em divulgar essa visão torpe para a população.
     Porém, contra fatos não há argumentos! A literatura científica está repleta de evidências sérias demonstrando o efeito positivo da Ritalina para a melhora clínica dos pacientes com TDAH, em todos os seus aspectos.
     O metilfenidato é um estimulante, mas muito específico, que serve para estimular justamente uma região do cérebro desses pacientes que não está funcionando direito. Só!
     E, ao contrário, há um sólido corpo de evidências demonstrando que quando os pacientes não recebem o tratamento adequado (que envolve o metilfenidato), acabam manifestando sérios problemas de comportamento, principalmente na adolescência e idade adulta, consequentes do TDAH.
     Entre eles podemos citar: 1) maior índice de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis; 2) maior índice de acidentes de carro; 3) risco duas vezes maior de desenvolver dependência química; 4) problemas com a lei; 5) abandono de emprego e dos estudos; 6) maior índice de divórcios; e por ai vai.
     Porém, a monoterapia nunca é tão eficaz quanto a terapia combinada.
     Existem muitas investigações comprovando o efeito extremamente positivo da psicoterapia cognitivo-comportamental e do treinamento de memória de trabalho, em associação com o metilfenidato, para a melhora clínica do paciente com TDAH.
     Isso significa que buscar pelo tratamento multiprofissional, envolvendo médicos psiquiatras, psicólogos, e até outros profissionais da saúde, é a melhor estratégia.


     Para finalizar, gostaria de propor a seguinte reflexão:
     Triste é a sina daquele que tem alguma doença que não pode tratar, pois não há tratamento disponível.
     Esta pessoa está, infelizmente, condenada sofrer todas as dificuldades associadas àquele transtorno.
     Com o TDAH, ainda bem, isso não acontece.
     Afinal, hoje em dia, já existem formas seguras de garantir ao paciente uma melhor qualidade de vida.
     Então, valorize as pistas do TDAH e, caso as identifique, procure algum profissional da saúde para investigar melhor a suspeita e, se necessário, conduzir o tratamento que você merece para ter uma vida plena.



====================
Tenha um dia PLENO!

Nenhum comentário:

Postar um comentário